Câmara de Pouso Alegre divulga economia, mas gastos ficaram estáveis em 2021

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Câmara de Pouso Alegre divulga economia, mas gastos ficaram estáveis em 2021

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Presidente da Câmara e vereadores fazem balanço do ano em coletiva de imprensa | Foto: arquivo/divulgação

Com orçamento recorde, por conta do crescimento da arrecadação do município, Legislativo local devolveu R$ 11 milhões aos cofres da Prefeitura, quase metade das verbas que recebeu ao longo do ano

A Câmara de Vereadores de Pouso Alegre divulgou uma campanha publicitária no final da última semana, alegando uma economia que possibilitou ao legislativo devolver R$ 11 milhões aos cofres da Prefeitura. Mas um levantamento do R24 no Portal da Transparência mostra que os gastos da Casa comandada pelo vereador Bruno Dias (DEM) permaneceram praticamente estáveis na comparação entre os anos de 2020 e 2021. A devolução se deu, principalmente, por que o orçamento da Câmara bateu novo recorde no período, chegando a R$ 24 milhões.

De acordo com os dados ados pelo R24 no Portal da Transparência da Câmara, no exercício de 2021, ainda em curso, foram empenhados, até o momento, R$14.681.806,50 e liquidados R$13.387.825,74. No exercício de 2020, foram empenhados R$14.451.737,45 e liquidados R$14.249.705,47. Os valores empenhados são os gastos já assumidos pelo legislativo, mas ainda não pagos. Nesse caso, houve na verdade um pequeno aumento nominal de 2020 para 2021, cerca de R$ 60 mil.

Já os valores liquidados são o saldo de gastos efetivamente pagos. Nesse caso, houve uma redução nominal de R$ 911,4 mil. Vale lembrar, no entanto, que o exercício de 2021 ainda está em curso. A tendência é que os valores liquidados se aproximem do empenhado até o fim do ano.

Com boa vontade, é até possível afirmar que o Legislativo possa ter se esforçado a ponto de não deixar os gastos dispararem em um ano em que a inflação deve ar dos dois dígitos, conforme a última projeção do Banco Central. Mas, daí, relacionar esse ligeiro esforço com a devolução de quase metade de seu orçamento é, no mínimo, forçar a barra.

Em junho deste ano, o R24 já havia demonstrado como o alarde em torno da economia é exagerado. Como os gastos não têm diminuído de forma considerável, a devolução de recursos comprova apenas que a Câmara recebe muito mais do que precisa.

Mas como é formado o orçamento do Legislativo?

Ele é definido pela Constituição Federal. O orçamento anual das câmaras correspondem a um percentual da receita corrente líquida do município no ano anterior. No caso de Pouso Alegre, situada na faixa entre 100 a 300 mil habitantes, esse percentual é estipulado em 6%. Os valores são reados pelo município em 12 parcelas iguais ao longo do ano.

Como Pouso Alegre tem uma das maiores arrecadações da região, o Legislativo local opera com folga no orçamento. Embora suas despesas girem em torno dos 12 e R$ 14 milhões desde 2017, seu orçamento ou de R$ 15 milhões, naquele ano, para R$ 24 milhões em 2021. Confira:

 

Considerando a inflação, houve economia real da Câmara, mas bastante inferior ao volume devolvido

As comparações feitas acima consideram valores nominais, ou seja, estabelecem uma equivalência sem levar em conta fatores como a variação da inflação e dos juros. Para saber se houve ou não economia real é preciso considerar essas outras variáveis.

Em miúdos, se a Câmara exercesse idênticas atividades, compras e consumo realizados em 2020 ao longo de 2021 ela não conseguiria honrar seus compromissos com os mesmos R$ 14,2 milhões que gastou no ano anterior, já que os preços variam de um ano para o outro.

Sendo assim, qual foi a economia real do legislativo de Pouso Alegre? De acordo com o Banco Central, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar acima de 10% em 2021. Aplicando esta inflação estimada aos valores efetivamente gastos pela Câmara em 2020 e projetando para os gastos de 2021, de forma bastante grosseira, chegaríamos a uma economia real em torno de R$ 1 milhão.

Câmara defende economia

Questionada, a Presidência da Câmara respondeu ao R24 por meio de sua assessoria de comunicação, que enviou uma nota. No documento, a assessoria aponta exatamente a inflação do período para defender que houve, sim, economia expressiva na Casa. “A economia refere-se a tudo aquilo que esteve em caixa à disposição do Legislativo, porém foi poupado”, defende.

Citando boletins do Banco Central e as constantes altas da inflação, chegando à sua maior variação nos últimos 20 anos em outubro, além da disparada da gasolina, a Câmara alega que agiu para “enxugar as despesas ao máximo para que não tivéssemos desperdícios”. “Tirando as despesas contínuas, economizamos tudo o que foi possível para não encarecer os nossos gastos e poder devolver R$11 milhões para ser investido em ações para a população”, garante sem citar um exemplo concreto de economia.

 

Sobre o autor: Adevanir Vaz é jornalista e editor do R24.

Os artigos publicados em ‘Opinião’ e ‘Colunas’ não refletem, necessariamente, o ponto de vista do Rede Moinho 24.

 


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Páscoa nas escolas vira disputa política em Pouso Alegre

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Imagem: reprodução de redes sociais

Um documento de orientação sobre práticas pedagógicas durante a Páscoa na rede municipal de ensino de Pouso Alegre (MG) virou motivo de polêmica e fomentou um festival de pregação religiosa entre políticos. O debate veio à tona depois que o vereador Israel Russo (União) usou a tribuna da Câmara e as redes sociais para afirmar que “a Secretaria de Educação tenta censurar Cristo da Páscoa” – veja o vídeo abaixo.

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A fala do político se refere a um informativo enviado a diretores, supervisores e professores pelo Departamento Pedagógico com orientações gerais sobre como trabalhar a Páscoa em sala de aula.

No documento, é pedido para que os professores “evitem atividades que façam referência direta a elementos próprios da fé cristã, como a crucificação, a ressurreição ou celebrações litúrgicas”, lembrando que “tais conteúdos pertencem ao âmbito da religiosidade particular e não devem compor o planejamento pedagógico de uma instituição pública de ensino”.

O documento ainda pede que símbolos culturais e lúdicos, como o coelho, os ovos, as cores, as brincadeiras e as narrativas de fantasia, “devem ser desvinculados de mensagens religiosas”, contribuindo para o desenvolvimento da linguagem, da imaginação, da ludicidade e da interação social.

“Mais do que repetir tradições, é fundamental reconhecer as atuais concepções e ressignificar as práticas pedagógicas de acordo às diretrizes curriculares visando à formação cidadã das crianças”, prossegue o documento.

“Qual o sentido dessa aberração?”

Com o documento em riste, o vereador Israel Russo questionou a orientação do departamento pedagógico da Prefeitura durante a sessão da Câmara de Pouso Alegre nesta terça-feira, 15. “Vamos ensinar a Páscoa nas escolas sem falar de Jesus que é o principal fundamento da Páscoa. Qual é o sentido dessa aberração que foi enviada para os professores?”, bradou o parlamentar com gestos e tom de indignação.

Russo é integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que se tornou célebre por adotar estratégias agressivas para ganhar engajamento nas redes sociais a partir de pautas polêmicas. Religião e segurança pública são os temas preferidos do grupo. Não por acaso, esses são exatamente os temas que mais permeiam os primeiros meses de mandato do vereador.

Quem também se insurgiu contra as orientações foi o vereador Leandro Morais (União). “Jesus Cristo está muito acima de religião. Jesus Cristo é o caminho, a vida, ninguém vai ao Pai se não por ele e não há um outro significado na Páscoa a não ser Jesus Cristo”, discursou em tom religioso o parlamentar na tribuna da Câmara para criticar a orientação pedagógica.

Prefeito e secretária se pronunciam

Com a discussão lançada na Câmara e a polêmica ganhando as redes, a Prefeitura se apressou em rebater as declarações dos vereadores. Primeiro a Secretaria Municipal de Educação publicou uma nota, alegando que o documento era “apenas um informativo, que replicou o que determina a legislação federal sobre o respeito à diversidade religiosa”. A nota dizia ainda que a pasta segue comprometida “com uma gestão que valoriza a fé, promove a harmonia e fortalece o respeito entre todos os cidadãos”.

A nota acompanhou um post com vídeos da secretária de Educação, Suelene Marcondes, e dois diretores da rede municipal, afirmando que não houve mudança nas práticas pedagógicas das escolas, mantendo-se o respeito à laicidade e diversidade religiosa, mas que o nome de Jesus Cristo jamais foi negado nas escolas.

“Reafirmamos com toda a clareza: em nossas escolas nunca foi e jamais será proibido mencionar o nome de Jesus Cristo. Repito, nunca foi e jamais será proibido mencionar o nome de Jesus Cristo em nossas escolas”, afirmou em vídeo a secretária da pasta.

Já ao longo da tarde foi a vez do prefeito Cel. Dimas (Republicanos) e o vice-prefeito Igor Tavares (PSD) se manifestarem nas redes sociais. Eles reforçaram que não há proibição para mencionar o nome de Jesus nas escolas e que o documento divulgado não teria sido revisado e que não seria oficial. Eles ainda criticaram “políticos e assessores inescrupulosos” que estariam “aproveitando o momento para (…) propagar a crucificação” da servidora que que teria produzido o documento de forma errônea.

“Nós vivemos o momento da Páscoa, momento máximo, onde Cristo se entregou por nós na cruz. É o momento da gente refletir sobre paz, sobre amor e respeito ao próximo e nós estamos vendo que algumas pessoas não estão seguindo esses os de Jesus”, discorreu também em tom religioso o prefeito Coronel Dimas.

Com o assunto ainda rendendo, as falas de prefeito e vice já geraram tréplicas nas redes sociais. Sim, é cansativo!

 

Sobre o autor: Adevanir Vaz é jornalista e editor do R24.

Os artigos publicados em ‘Opinião’ e ‘Colunas’ não refletem, necessariamente, o ponto de vista do Rede Moinho 24.

 

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Vereadores afirmam que há R$ 65 milhões em verbas paradas em Brasília para PA

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Imagem: reprodução/ TV Câmara

Um grupo de vereadores de Pouso Alegre (MG) foi para Brasília (DF) na última semana e voltou da capital federal afirmando que há R$ 65 milhões em verbas já liberadas para o município esperando apenas uma ação da Prefeitura para se transformarem em obras como creches, unidades de saúde e obras de drenagem.

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A pauta foi levada à tribuna com mais contundência pelo presidente da Câmara, o vereador Dr. Edson (Republicanos). O político, que vive em uma espécie de guerra fria com a gestão Dimas, subiu o tom contra a istração. “Escandaloso é você ter mais de 66 milhões de reais prontos para praticamente serem usados para construção de creches, para drenagem, para construção de ponte e esse dinheiro está lá guardadinho ou esquecido ou pronto para fazer campanha eleitoral para deputado no ano que vem”, sugeriu.

O adjetivo ‘escandaloso’ não foi usado por acaso pelo presidente da Câmara. A palavra é a mesma que ilustra a capa do jornal ‘A Tribuna’ do último fim de semana. A manchete do periódico classificou a viagem dos vereadores para Brasília como ‘escandalosa’ por não ter um motivo aparente. Viajaram para a capital os vereadores Dr. Edson, Fred Coutinho (Republicanos), Leandro Morais (União) e Odair Quincote (União). Nos bastidores, os vereadores alvos da crítica consideram que ela partiu da istração Dimas.

Verbas paralisadas?

As informações sobre a verba que estaria paralisada em Brasília foi divulgada pela assessoria de comunicação da Câmara de Pouso Alegre sob o título “Milhões parados em Brasília: Vereadores exigem respostas”. O R24 pediu o aos documentos levantados pelos vereadores durante a viagem, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto.

Reportagem feita pela emissora da Câmara de Vereadores aponta uma verba de R$ 2,3 milhões indicada para implantação de ponte no bairro Cajuru que estaria disponível desde 2022, além de outros recursos para creches e escolas de educação infantil, no valor de R$ 4,3 milhões, escolas em tempo integral, no valor de R$ 13,7 milhões, uma Unidade Básica de Saúde, no valor de R$ 2,4 milhões. Ainda segundo a reportagem, há também um conjunto de obras de drenagem no valor de cerca de R$ 45 milhões.

A TV Câmara informa que a prefeitura deve cumprir etapas exigidas no trâmite da liberação de verbas para que elas sejam de fato revertidas para o município, mas não fica claro se a prefeitura deixou de cumprir prazos, embora haja a sugestão de que as verbas podem ser perdidas por inação do executivo. O R24 entrou em contato com a Prefeitura, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto.

Líder de governo diz que Prefeitura não abre mão de verbas

O líder de governo na Câmara, Reverendo Dionísio (Republicanos), afirmou que a Prefeitura não pretende abrir mão de nenhuma verba que esteja disponível. “Todo recurso que qualquer um dos vereadores aqui souber que existe ou que tenha algum deputado querendo enviar, independente de qualquer partido político, essa tem sido a postura do governo, receber todas as emendas que forem enviadas”, discorreu.

Ainda de acordo com o parlamentar, Pouso Alegre teve diversos projetos selecionados em programas do governo federal como o Novo PAC, no entanto, ele ressalvou que parte dessas verbas podem demorar a chegar. “Pela lógica do Brasil, a gente sabe quando vai chegar, vai chegar no final desse ano, virando para o ano que vem, que é um ano de eleições nacionais”.

Para rebater a fala do líder do governo, o presidente da Câmara leu um ofício enviado pelo deputado federal Rafael Simões (União), apontando ser o autor da verba de pouco mais de R$ 2 milhões destinada à ponte do bairro Cajuru. “Só falta a Prefeitura licitar e receber a verba para fazer a obra”, apontou Dr. Edson, deixando no ar a sugestão de que a Prefeitura não teria recepcionado a verba por conta de ter sido destinada por Simões, o grande rival político do prefeito Cel. Dimas.

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Após denúncia contra Bolsonaro, Simões defende ‘anistia ampla e irrestrita’

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O deputado federal e ex-prefeito de Pouso Alegre (MG) Rafael Simões (União) foi às redes sociais pedir por “anistia ampla e irrestrita” depois que a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado.

De acordo com o deputado federal, a ‘anistia ampla e irrestrita’ seria a única forma de pacificar o país para discutir o que realmente importa em sua opinião: “melhorar as condições de vida nos municípios, reduzir o custo de vida e garantir esperança e dignidade ao povo brasileiro”.

Não fica claro na fala do político por que a denúncia da PRG impede que essas discussões sejam feitas.

“Já não bastassem os presos políticos na Papuda, condenados a 17 anos por manifestações no dia 8 de janeiro, mesmo com eventuais excessos”, se queixou o político, lamentando a denúncia da PGR.

 

Sob as rédeas de sua base conservadora

O pronunciamento do político se deu na noite desta terça-feira, 19, um dia após a apresentação da denúncia pela PGR e pouco depois de uma sessão tumultuada na Câmara dos Deputados, em que governistas e a base bolsonaristas se enfrentaram aos gritos no plenário da Casa.

Não por acaso, a frase utilizada por Rafael Simões é quase a mesma que vem sendo reproduzida por um dos filhos de Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL), que, em novembro do ano ado, defendeu que houvesse “anistia ampla, geral e irrestrita” sugerindo, de forma irônica, que ela teria que abarcar inclusive o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Morais.

E a ironia do senador não para por aí. ‘Anistia ampla, geral e irrestrita’ foi o mote da campanha que culminou na Lei da Anistia, responsável por salvaguardar brasileiros, presos políticos e guerrilheiros que enfrentara a Ditadura Militar. Como se sabe, a família Bolsonaro é defensora contumaz dos governos militares e crítica aos que se insurgiram contra o regime.

Ao reverberar o filho de Bolsonaro, Simões acena à sua base conservadora no Sul de Minas, que costuma se rebelar contra o político quando ele não se posiciona favorável às pautas caras ao bolsonarismo. Neste exato momento, a anistia está no topo da lista dos bolsonaristas.

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