Grupo busca mobilização após nova decisão do TJMG que estendeu à rede privada a proibição do retorno às aulas presenciais, então limitada às escolas municipais de Pouso Alegre
Um grupo que reúne ao menos 29 escolas particulares de Pouso Alegre, autointitulado ‘Escolas Pela Educação’, já se articula pela volta às aulas presenciais após o término da ‘onda roxa’. O grupo é o mesmo que participou da organização de uma carreata pela manutenção das aulas presenciais no dia 6 de março, questionando decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que, um dia antes, havia suspendido os efeitos do decreto municipal que permitia o retorno.
A articulação ocorre principalmente nas redes sociais e volta a ter como alvo principal uma nova decisão do TJMG, a terceira ao longo do mês de março, que, desta vez, estendeu a suspensão das aulas presenciais em Pouso Alegre, antes limitada à rede municipal, à todas as instituições de ensino, incluindo as privadas, o que, na prática, impede o retorno das instituições de ensino mesmo após o término da ‘onda roxa’, previsto para 4 de abril.
Em comunicado destinado “às famílias”, as escolas reconhecem o momento critico da pandemia e defende que as estratégias de saúde indicadas pelo estado e pelo município sejam seguidas, mas sustenta que o grupo deve seguir reivindicando “um plano de ação para a continuidade do funcionamento das escolas, quando superarmos este momento tão complicado em nossa cidade”, diz o documento.
Para o grupo, a educação deve ser tratada como serviço essencial, de modo que as escolas sejam “as últimas a fecharem e as primeiras a abrirem suas portas” sempre que houver necessidade de adotar novas medidas restritivas por conta da pandemia de coronavírus.
> Leia a íntegra do comunicado publicado pelas escolas particulares
O movimento acusa as ações judiciais que obtiveram na Justiça a suspensão das aulas de ter viés político e ideológico e pede ajuda das famílias para organizar uma resposta “sistemática, sinérgica e ordenada para a situação em que se encontram as escolas e seus respectivos processos”.
Outro pedido destinado às famílias é que elas não rompam seus vínculos com as escolas onde os filhos estudam. “Não é hora para rompimentos! Os alunos precisam estar conectados ao processo de ensino e aprendizagem que as
escolas tão pronta e arduamente preparam”.
Desembargador atendeu pedido de deputada para suspensão das aulas em todo o município
Idas e vindas têm marcado a discussão judicial em torno do retorno das aulas presenciais em Pouso Alegre. No dia 5 de março, atendendo pedido do Sipromag e em função do agravamento da pandemia, o desembargador do TJMG, Alberto Vilas Boas, suspendeu os efeitos do decreto municipal que permitiu a volta às aulas no município nas redes públicas e privadas. O ensino público foi suspenso de imediato. As escolas particulares seguiram em funcionamento.
Uma semana depois, ao responder embargos de declaração da Prefeitura, o desembargador limitou os efeitos de sua decisão apenas à rede municipal de ensino. Na semana seguinte, porém, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), ex-diretora do Sindi-UTE, fez chegar à Corte um agravo de instrumento pedindo a suspensão de “qualquer atividade escolar presencial” no município, no que foi atendida pelo magistrado.
A decisão do desembargador, porém, ocorreu dois dias após o início da ‘onda roxa’, quando todas as atividades não essenciais haviam sido suspensas em todo o estado, incluindo as aulas presenciais. Mas se não houve mudança prática para aquele momento, a partir de agora, as aulas permanecerão suspensas nas redes públicas e privadas de ensino mesmo ao término ‘onda roxa’.
> Confira a íntegra da decisão que suspende aulas presenciais em todo o município
Grupo tem forte apoio político na cidade
A mobilização das escolas particulares tem forte apoio político em Pouso Alegre. O presidente da Câmara de Vereadores, Bruno Dias (PL), já se posicionou em diversas oportunidades, de forma incisiva, na defesa do retorno às aulas presenciais, sempre manifestando preocupação, também, com a rede particular.
Além disso, mesmo a Prefeitura, responsável por entrar com os embargos de declaração que permitiu a continuidade das aulas presenciais no segmento, antes do início da ‘onda roxa’, defendeu de forma veemente, por meio da Secretaria Municipal de Educação, o retorno das aulas presenciais.
Em outra frente, o deputado estadual e ex-vice-prefeito de Pouso Alegre Dr. Paulo (Patriotas) tenta emplacar na Assembleia de Minas um projeto de lei que torna o ensino um serviço essencial, o que impediria a paralisação das escolas mesmos nas fases mais restritivas dos planos de isolamento social da pandemia.
Além do movimento das escolas particulares, um outro grupo correlato, que defende as mesmas pautas, tem atuado nas redes sociais, o “Pais Pela Educação”. Ambos os movimentos possuem páginas ativas no Instagram. O que representa os pais foi criado em 15 de novembro. Já o que representa as escolas foi criado em 11 de março, poucos dias após a primeira decisão do TJMG que suspendeu as aulas presenciais no município.