A Câmara de Pouso Alegre retoma suas sessões ordinárias e a rotina parlamentar para valer a partir desta semana. Em meio ao retorno, já tramita na Casa uma proposta que vem sendo encarada como prioridade pelos parlamentares. Trata-se de um Projeto de Emenda à Lei Orgânica Municipal que pode dar aos vereadores do município o direito de indicar cerca de R$ 20 milhões em obras e outras ações de políticas públicas no orçamento anual da cidade.
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A proposta cria as emendas impositivas individuais e obriga a Prefeitura a destinar ao menos 2% da Receita Corrente Líquida do município para atender as demandas propostas pelos vereadores. Como a receita anual de Pouso Alegre já ultraa R$ 1 bilhão, o valor total a ser destinado a essas emendas seria de pelo menos R$ 20 milhões por ano.
Segundo a proposta, metade deste valor deve ir obrigatoriamente para serviços públicos de saúde e a outra metade seria dividida igualmente entre as emendas dos 15 vereadores, o que daria em torno de R$ 666 mil por parlamentar.
Como mexe no controle do orçamento do Executivo, obviamente a medida não é bem vista na prefeitura e, não por acaso, ela é encabeçada por vereadores independentes e da oposição, o mesmo grupo que elegeu o vereador Dr. Edson presidente da Câmara, impondo uma derrota política ao governo Dimas no primeiro dia de seu segundo mandato.
Quem assina a proposta
De saída, a proposta conta com o apoio de oito vereadores, incluindo o presidente da Casa, Dr. Edson. Todos eles assinam como autores: Delegado Renato Gavião (PSDB), Dr. Edson (Republicanos), Fred Coutinho (Republicanos), Hélio Carlos de Oliveira (PT), Israel Russo (União), Leandro Morais (União), Lívia Macedo (PCdoB), Odair Quincote (União).
Mas para tirá-la de fato do papel, os parlamentares ainda precisarão conquistar ao menos mais dois votos. Em princípio, não seria uma missão fácil, já que esses votos teriam que sair do núcleo duro de apoio ao prefeito Cel. Dimas (Republicanos).
Por outro lado, trata-se de uma proposta que beneficia individualmente os vereadores, o que poderia ensejar algumas traições. A conferir.
Proposta não prosperou na última legislatura
Não é a primeira vez que os vereadores vão tentar a aprovação das emendas individuais impositivas em Pouso Alegre. No final de 2023, capitaneada pelo atual presidente da Câmara, uma proposta semelhante naufragou com 11 votos contrários e apenas quatro favoráveis.
À época, os vereadores propunham destinar as emendas (também correspondentes a 2% da RCL) para obras de creches e habitação popular, num aceno a demandas mais aparentes da população.
Congresso Nacional, assembleias e câmaras já adotam emendas impositivas
O Congresso Nacional já adota as emendas impositivas desde 2015, na esteira de uma crise política que enfraqueceu o poder Executivo a ponto de, hoje, a Câmara Federal e o Senado dominarem entre R$ 40 e R$ 50 bilhões do orçamento federal, comprometendo até 16,7% das despesas discricionárias da União. No meio do caminho, inclusive, a imposição das emendas de relator (puxadinho do orçamento impositivo) acabou dando origem ao famigerado ‘Orçamento Secreto’.
Ao longo dos últimos anos, as emendas impositivas do Congresso aram a ser emuladas nas assembleias estaduais e câmaras municipais. Para ficar em exemplos mais próximos, cidades como Varginha e Poços de Caldas a adotaram.
Os defensores do orçamento impositivo afirmam que os parlamentares, seja a nível federal, estadual ou municipal, têm maior proximidade com a comunidade e saberiam identificar com mais propriedade as necessidades da população. Além disso, a descentralização do orçamento seria uma forma de democratizá-lo.
Por outro lado, seus críticos veem na prática uma perda de eficiência dos gastos públicos, já que a destinação desses recursos teriam como prioridade o atendimento de nichos eleitorais e não as políticas públicas mais eficazes ou demandas, de fato, urgentes da população.
Há ainda o fato de as emendas se tornarem um propulsor de reeleições, inibindo a possibilidade de renovação nos quadros dos legislativos, representando uma óbvia distorção da democracia.
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