O diretor clínico do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), Alexandre Hueb, afirmou nesta sexta-feira (19) que mais da metade dos pacientes intubados na unidade de saúde estavam fazendo o ‘tratamento precoce’, com o uso de medicamentos que ainda não têm comprovação científica contra a Covid-19, como a ivermectina e a hidroxicloroquina.
Ele lembrou que, até o momento, não há medicamentos eficazes para prevenir ou combater o vírus da Covid-19. “Tratamento precoce é procurar um médico”, indicou Hueb.
A afirmação foi feita durante entrevista à rádio Difusora HD, no início da tarde desta sexta-feira (19). O prefeito Rafael Simões (DEM) e a secretária de Saúde Silvia Regina também participavam da conversa conduzida por padre Omar e pelo radialista Toni Oliveira.
Simões fez um apelo mais um apelo desesperado pela conscientização das pessoas face ao agravamento da pandemia e do colapso iminente do sistema de saúde. Ele também criticou a indicação de medicamentos sem comprovação de eficácia contra doença e desafiou seus defensores: “Liguei pra alguns médicos que apareceu nas redes indicando esses medicamentos e chamei ele para ir na UPA. Atender lá e levar o CRM deles. Dai eles dizem que não é bem assim”, relatou.
“As pessoas nesse momento de dor, de medo, elas estão propícias a acreditar em qualquer coisa. Daqui a pouco, vão aparecer com um protocolo que se tomar ‘X’ gramas de estricnina (pesticida altamente tóxico cujo uso é proibido no Brasil e em outros países) mata o vírus. Tem que parar com isso. Nós temos que seguir a ciência”, defendeu Simões.
O prefeito avaliou que a indicação de medicamentos ineficazes podem levar as pessoas a terem uma falsa sensação de segurança, contribuindo para agravar a crise de saúde. “Como se isso fosse colocado na cabeça das pessoas: ‘você toma ivermectina, vai pra rua, que você virou super-homem’. Isso é mentira. Isso é fake“, declarou.
Apesar disso, o político declarou que, caso o governo federal indique de forma oficial os medicamentos para tratamento precoce, o município procederia com o protocolo.
Confira mais trechos da entrevista do prefeito à rádio:
- Desafiando médicos que receitam o kit covid:
“Liguei pra alguns médicos que apareceu nas redes indicando esses medicamentos e chamei ele para ir na UPA. Atender lá e levar o CRM deles. Dai eles dizem que não é bem assim”.
- A falsa sensação de segurança gerada por medicamentos sem eficácia comprovada
“Como se isso fosse colocado na cabeça das pessoas: ‘você toma ivermectina, vai pra rua, que você virou super-homem’. Isso é mentira. Isso é fake!”
- Da facilidade da propagação de notícias falsas
“Da mesma forma que é fake, ontem eu recebi uma ligação: ‘ah, é verdade que os hospitais estão recebendo R$ 19 mil por óbitos?’. Eu falei: ‘Isso é mentira’. ‘Ah, mas estão falando que é verdade’. Aí eu pergunto para as pessoas: ‘por que você não acredita que nós estamos indo para o colapso? Por que você não acredita que vai faltar oxigênio? Por que você não acredita que os médicos estão extenuados, que os funcionários dos hospitais não estão aguentando mais? Por que você não acredita nisso e acredita numa mentira?”. Todos estão fazendo o seu melhor e estamos chegando no limite. O que nós precisamos é utilizar as redes sociais para trazer esperança para as pessoas, para falar coisas boas
- Crítica à falta de comando no país
“Aliás, se nós tivéssemos um comando único, talvez não estivéssemos nessa situação que estamos” ‘E aqui eu quero fazer uma defesa até do judiciário. Ele não sai dando canetada não”
- Da fragilidade das pessoas em meio à pandemia
“As pessoas nesse momento de dor, de medo, elas estão propícias a acreditar em qualquer coisa. Daqui a pouco, vão aparecer com um protocolo que se tomar ‘X’ gramas de estricnina (pesticida altamente tóxico cujo uso é proibido no Brasil e em outros países) mata o vírus. Tem que parar com isso. Nós temos que seguir a ciência”
- Das recomendações da ciência, do risco da falta de atendimento na saúde e da contaminação do debate técnico pela política partidária
“Agora, a ciência mostra. O afastamento, os cuidados, o uso da máscara, do álcool gel… isso ameniza muito, mas muito. E, desde do começo, padre, que começou a pandemia, eu coloquei na minha cabeça: ‘a grande responsabilidade do poder público é trabalhar para que não falte atendimento às pessoas. Mas nós estamos indo para um caminho que essa responsabilidade pode fugir ao nosso controle, porque nós resolvemos discutir as eleições de 2022 e estamos esquecemos do povo, e o povo sendo usado, isso que me deixa mais triste”.
- Apelo pela conscientização das pessoas
Pode gostar, pode não gostar de mim. Enquanto for prefeito, eu vou trabalhar por esse povo e depois eu vou embora para casa, sabe padre? Mas eu peço a vocês, do fundo do coração, nos ajude, agora, porque, do contrário, nós poderemos ir para um caos imenso. Você pode ver seu pai ou sua mãe morrendo, seu filho, seu irmão ou você mesmo pode vir a óbito. Nos ajude, pelo amo de Deus”.